Advogada da família de jovem morto em ação da PM em Manaus denuncia execução: 'Foi sentenciado à morte'

  • 12/11/2025
Ação da PM contra tráfico de drogas deixa um morto na Zona Oeste de Manaus A defesa da família de João Paulo Maciel, de 19 anos, morto durante uma ação da polícia no bairro Vila da Prata, Zona Oeste de Manaus, em outubro deste ano, afirmou que o jovem foi executado pelos policiais. Moradores filmaram o momento em que um suspeito é abordado e quando policiais saem do local carregando um corpo. ➡️Segundo informações da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), os policiais foram ao beco Arthur Virgilio após uma denúncia anônima sobre a venda de entorpecentes por criminosos armados. Os militares afirmaram terem sido recebidos a tiros pelos traficantes, que fugiram pelos quintais das residências, e revidaram o ataque. À Rede Amazônica, a advogada Doracy Queiroz de Oliveira Neta, que representa a família de João Paulo Maciel, classificou o episódio como uma “afronta ao estado democrático de direito” e afirmou que houve execução por parte dos agentes envolvidos. “João Paulo foi rendido, algemado e levado para dentro de uma casa elevada no beco. Testemunhas afirmam que ele foi torturado. Minutos depois, os policiais retornaram carregando seu corpo envolto em um lençol branco. Foi uma execução, João Paulo foi sentenciado à morte", explica a advogada. Doracy afirma que a ficha hospitalar registrou o nome “Ezequiel”, o que reforça a suspeita de que João Paulo foi confundido com outra pessoa. A advogada suspeita que a troca de nomes pode ter sido uma tentativa de dificultar a identificação, pois família só conseguiu localizar o corpo após buscar informações por conta própria. Sobre o relatório da PM, que aponta que João Paulo estaria com drogas e uma arma, a defesa nega veementemente. “Ele foi abordado jogando Free Fire com amigos. Era usuário de maconha, mas isso não o torna traficante. A arma e as drogas foram encontradas em outra casa, invadida pela polícia, e atribuídas indevidamente a ele”, explicou A advogada também criticou o tratamento dado à família após o ocorrido no 19º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e destacou que o caso já foi denunciado ao Ministério Público do Amazonas (MPAM). “Estamos reunindo testemunhas e provas. Há vídeos que mostram que não houve troca de tiros, como alegado pela PM. João Paulo estava rendido. No Brasil, não existe pena de morte, mas ele foi sentenciado à morte pela Rocam" conclui a advogada. Em nota, a Polícia Militar informou que instaurou procedimento para apurar a atuação de seus agentes no dia seguinte ao registro da ocorrência, e que a investigação segue em andamento. “Em caso de comprovação de irregularidade em procedimento policial, os agentes serão responsabilizados”, destacou a nota. A PM esclareceu, ainda, que a ação envolvendo equipes das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam) ocorreu após denúncia anônima sobre movimentação de tráfico de drogas, na noite do dia 28 de outubro, no Beco Arthur Virgílio, bairro Vila da Prata, zona oeste de Manaus. “Os policiais se dirigiram ao local e foram recebidos a tiros, revidando o ataque. Na ação foram apreendidas munições deflagradas, uma arma de fogo e porções de entorpecentes”, informou a corporação. LEIA TAMBÉM: Ações policiais mais letais no AM deixaram 60 mortos em 10 anos; relembre Quem são os integrantes do CV no AM mortos na megaoperação no RJ; veja lista O caso Segundo informações da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), os policiais foram ao beco após uma denúncia anônima sobre a venda de drogas por criminosos armados. Os policias solicitaram apoio e iniciaram uma perseguição. Ao entrarem em uma passagem na lateral de uma residência, os policiais afirmaram terem sido atacados a tiros. Entretanto, moradores e testemunhas contestam a versão da polícia. Em vídeo gravado por uma testemunha, é possível ver os agentes abordando um homem sem camisa. O suspeito leva as mãos a cabeça e é revistado sem demonstrar reação. Em seguida, ao menos um policial aparece levando o homem para a passagem lateral de uma residência enquanto um grupo com cerca de seis policiais permanece no local da abordagem. Pouco tempo depois, outros dois agentes entraram na mesma passagem lateral caminhando e retornam carregando um corpo enrolado em um lençol. A família diz que o homem abordado é João Paulo. João Paulo Maciel, de 19 anos, morto em ação da PM Amazonas Divulgação O que diz a família Segundo Fernando Marques dos Santos, pai do jovem, João Paulo não tinha qualquer envolvimento com o tráfico de drogas ou posse de armas. Ele acusa os policiais de terem forjado a presença de drogas e armas no local para justificar a ação. "O meu filho nunca vendeu droga, o meu filho nunca andou armado. Nunca. Meu filho era um menino querido lá no bairro, lá no beco. Eles estão forjando droga no meu filho. Lá no beco não encontraram nada com ele. Só encontraram o meu filho e executaram ele lá”, afirmou o pai. O pai relatou ao g1 como era a rotina com João Paulo, que trabalhava com ele desde os 12 anos como ajudante de pedreiro, além de destacar que o filho gostava de ir ao local onde foi morto, pois encontrar os amigos para conversar e jogar jogos online. “Acordava às 5 da manhã para sair comigo para trabalhar. Ele e o irmão gêmeo sempre me ajudaram. Nesse dia, ele saiu comigo, chegou em casa, tomou banho e disse: ‘Pai, vou ali jogar e já volto’. Nunca mais voltou.”, explicou Fernando. Morte gerou protestos Um dia após a morte de João Paulo, familiares e amigos realizaram uma manifestação na Avenida Brasil, no bairro Compensa, Zona Oeste. Durante o protesto, os manifestantes levaram cartazes e gritaram por Justiça, atearam fogo a restos de lixo, madeira e pneus e bloquearam a Avenida Brasil. Na ocasião, o Secretário de Segurança Pública, Coronel Vinicius Almeida, informou que estava deslocando o efetivo de segurança pública para encerrar uma manifestação em homenagem a um traficante de Manaus morto na megaoperação no Rio de Janeiro. A defesa família do jovem contesta essa versão, e diz que o ato foi um pedido legítimo de justiça e que a resposta do Estado foi desproporcional e violenta. “Foi uma manifestação pacífica, com moradores locais segurando cartazes. Não houve tumulto, não houve vandalismo. Tinha criança no local, e a polícia chegou atirando sem saber em quem. Foi uma ação hostil e excessiva” disse a advogada Thayane Costa. Mãe da vítima e outros parentes pediram por Justiça durante a manifestação Bruna Pinheiro/Divulgação Família de jovem morto em ação da PM protesta em avenida de Manaus

FONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/11/12/advogada-da-familia-de-jovem-morto-em-acao-da-pm-em-manaus-denuncia-execucao-foi-sentenciado-a-morte.ghtml


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