Brasileiros acolhem crianças e jovens vítimas de tráfico humano, exploração sexual e abandono no Camboja

  • 28/11/2025
(Foto: Reprodução)
Brasileiros acolhem crianças e jovens vítimas de risco extremo na Ásia em projeto voluntário Quésede Eger/Arquivo pessoal O abraço que acolhe, a atenção aos detalhes e o apoio nos cuidados básicos, como alimentação e higiene, transformaram a vida de um casal de brasileiros que se mudou há quase 10 anos para o Camboja, país da Ásia, e criou um projeto social voltado a crianças e jovens vítimas de risco extremo. Natural de Presidente Prudente (SP), a missionária Quésede Eger dos Santos, de 41 anos, relembra ao g1 que o primeiro contato com a realidade do país vizinho de Tailândia e Vietnã foi em 2012, quando conheceu uma pessoa missionária que morou no local por um período e, depois, retornou ao Brasil. 📲 Participe do canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Veja os vídeos que estão em alta no g1 Anos depois, o Camboja se tornou uma opção de moradia e trabalho humanitário a Quésede e ao esposo, Flávio de Souza Gonçalves, de 40 anos. "Moramos no Camboja desde 2016. Ainda em 2015, pesquisamos e conhecemos a história do Camboja, bem como a sua realidade atual." "Um país que passou por um genocídio recente e que, apesar de muito esforço do governo e da população para superar, ainda enfrenta consequências gritantes, frutos do regime Khmer Vermelho, que dizimou 1/3 da população, o que resultou em muita pobreza e vulnerabilidade", reforçou a missionária. Em 2019, uma reportagem do g1 falou sobre dezenas de milhares de cambojanos que comemoraram o 40º aniversário do fim do regime do Khmer Vermelho. A ditadura comandada por Pol Pot matou quase 2 milhões de pessoas no Camboja, segundo a agência France Presse, e manteve campos de concentração onde opositores ficavam presos. Lugar seguro Quésede recorda como o projeto social foi criado: "O Safe Place [lugar seguro em português] nasceu para acolher crianças em situação de risco extremo, como tráfico humano, exploração sexual, violência doméstica, abandono ou negligência familiar". As crianças são identificadas e acolhidas com apoio das autoridades cambojanas, e uma análise familiar é feita para entender se existe alguma possibilidade de essa criança continuar no núcleo familiar, segundo a missionária. "Uma vez entendido que isso não é possível, nós então nos tornamos guardiões dessa criança e uma nova família para ela. Nossa dinâmica é bem familiar, para que esse conceito de casa e acolhimento seja mais do que só um abrigo, mas um lugar de cura e reconstrução da identidade de cada uma das crianças", afirma. Brasileiros acolhem crianças e jovens vítimas de risco extremo na Ásia em projeto voluntário Quésede Eger/Arquivo pessoal No espaço seguro, os missionários brasileiros são chamados de "Tia Quel" e "Tio Flávio", com cuidados integrais do bem-estar de 24 crianças, atualmente. "O que realmente faz diferença é o amor. Acreditamos, sem dúvidas, que o amor quebra barreiras, transforma, cura e gera esperança", afirma. O projeto voluntário é mantido por doações de pessoas físicas e algumas igrejas e, por isso, é um desafio mensal saber se eles terão valores suficientes para cobrir as despesas, como alimentação e qualidade de vida das crianças. "Graças a Deus e à participação de muitas pessoas, temos conseguido manter esse trabalho já há oito anos", destaca Queséde. Brasileiros acolhem crianças e jovens vítimas de risco extremo na Ásia em projeto voluntário Quésede Eger/Arquivo pessoal Núcleo familiar O retorno das crianças para a família de origem é uma possibilidade, mas, para que isso aconteça, o elemento que oferecia risco à criança precisa ser eliminado do contexto familiar, conforme a voluntária. "Se a criança vivia em um contexto no qual os pais eram dependentes químicos e, por isso, expunham a criança a riscos, para acontecer a reintegração, os pais devem estar sóbrios e estabilizados. Esse processo é feito pelo serviço social do governo do Camboja", continua. Brasileiros acolhem crianças e jovens vítimas de risco extremo na Ásia em projeto voluntário Quésede Eger/Arquivo pessoal Dentre as atividades oferecidas no projeto social, além de moradia e assistência em necessidades básicas e educação, as crianças e jovens, com idades entre um ano e meio e 17 anos, aprendem português. "O jovem mais velho faz 17 anos em dezembro e está se preparando para, no início de 2027, ir ao Brasil estudar. Ele é muito inteligente, curioso e está planejando cursar engenharia. Nós ensinamos português para as crianças, o que vai facilitar esse processo na vida dele", conta. Assim como o rapaz, todas as crianças serão acompanhadas até a fase adulta, quando estiverem prontas para se sustentarem sozinhas. Entre os planos para aprimorar o espaço seguro está a criação de um local físico próprio, já que eles vivem em uma casa alugada. "Essa é nossa maior despesa. No entanto, essa realidade tem a possibilidade de mudar: nós ganhamos um terreno, mas ainda precisamos levantar os recursos para a construção", afirma Queséde. Agora, eles precisam importar o maquinário para a produção de tijolos ecológicos, que vai garantir uma construção mais econômica e também vai ser fonte de subsistência do projeto no futuro e fonte de renda para jovens e famílias. Brasileiros acolhem crianças e jovens vítimas de risco extremo na Ásia em projeto voluntário Quésede Eger/Arquivo pessoal Apoio voluntário O custo para trazer esse maquinário é de aproximadamente 10 mil dólares, já contando com as taxas de importação e transporte, segundo a missionária. O casal já tem um projeto desenvolvido pela arquiteta Débora Rímoli Dicenzo e o engenheiro João Miguel Dicenzo Tavares. "Um projeto lindo e funcional para que a nova casa das crianças seja um lugar confortável, seguro e divertido para elas, e o nosso objetivo agora é tirar esse projeto do papel e trazê-lo à realidade." Para isso acontecer, a doação também se torna um meio de ajudar. "Às vezes, as pessoas pensam que a contribuição delas seria insignificante frente ao montante que precisamos para manter o projeto, mas a verdade é que toda contribuição faz diferença", destaca a voluntária. "É como o trabalho de um formigueiro. Cada um fazendo uma parte, conseguimos nos juntar e mudar a história de vida de algumas crianças", finaliza. Mais informações sobre o projeto social, história das crianças e jovens do Safe Place, além de como poder contribuir com a causa, estão disponíveis nas redes sociais. Brasileiros acolhem crianças e jovens vítimas de risco extremo na Ásia em projeto voluntário Quésede Eger/Arquivo pessoal Veja mais notícias no g1 Presidente Prudente e Região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-e-regiao/noticia/2025/11/28/brasileiros-acolhem-criancas-e-jovens-vitimas-de-trafico-humano-exploracao-sexual-e-abandono-no-camboja.ghtml


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