Cada vez mais brasileiros estão deixando de atender telefone com medo de golpistas
08/11/2025
(Foto: Reprodução) Cada vez mais brasileiros estão deixando de atender telefone com medo de golpistas
Cada vez mais brasileiros estão fugindo de golpistas simplesmente deixando de atender o telefone.
Era uma vez um aparelho muito usado para receber boas e más notícias, bater um papo... mas o tempo passou, ele se transformou e hoje...
"Deus me livre, que horror, se não tiver na minha lista não atendo", diz Marlene Daniel, aposentada.
"Atendo só quem está na minha agenda e olhe lá ainda, às vezes eu não atendo telefone, é só por mensagem", afirma Izabel Horn, modelo.
"Não tenho o hábito de falar palavrão, mas eu andei falando, eu não atendo mesmo", comenta Maria Silvia Moraes Matar, aposentada.
"Aquilo que era para eu te comunicar algo, serve para eu te golpear, para eu sacar o que é seu, para eu tomar o que é seu, para eu tirar a sua liberdade, a sua segurança", conta Janete da Silva Alves de Oliveira, professora.
Não faltam razões para esse bloqueio radical, vão das ligações em série a todo tipo de golpe.
"Ligação assim falando: 'ai, mãe, estou aqui perdida. Estou aqui...' Assim, uma suposta filha, né?", relata Luisa Furlan, jornalista e modelo.
O problema é que ao perder a velha função por chateação ou por medo, o telefone deixa de ser para a sociedade uma importante ferramenta de comunicação.
"Ligaram do consultório médico para confirmar e depois eu chego lá: 'ah, não! Você não confirmou, a consulta foi desmarcada'", conta Adolfo Bragato Jr, servidor público federal.
A Fundação Pró-Sangue, que usava muito o telefone para fazer contato com doadores, se ressente.
"O pessoal liga. E aí ninguém atende... A gente entende medo de golpes e medo de... Enfim... De se expor, mas quando a gente liga é porque a gente está realmente precisando", diz Cyntia Arrais, chefe da Divisão de Produção de Sangue e médica da Pró-Sangue.
A Associação Safernet reforça a importância de se proteger de golpes e cobra providências do Poder Público e das empresas para que o telefone volte a ser usado com segurança e, quem sabe, reconquiste assim a sua boa e velha função.
"A Anatel, que é a agência que regula telefonia, precisa e pode ter um papel mais ativo em relação a isso, tanto para limitar as ligações falsas, né, as ligações robóticas de robôs que ligam para as pessoas, mas também regular melhor o marketing nas ligações telefônicas e criar mais confiança nesse setor que infelizmente tem perdido a confiança dos consumidores", diz Guilherme Alves, gerente de projetos da SaferNet.
A Anatel informa que nos últimos três anos medidas tomadas pela Agência Nacional de Telecomunicações evitaram mais de 220 bilhões de chamadas, multando e bloqueando empresas que abusavam de ligações em massa. Ano que vem haverá novo serviço de autenticação de chamadas.
"Usuários que façam mais de 500 mil ligações ao mês por serviço, eles vão ter que necessariamente usar a autenticação de chamada para que a gente tenha certeza de que essa numeração é uma numeração devida e ela não está sendo feita com o uso desses robôs", explica Suzana Silva Rodrigues, superintendente de Controle de Obrigações da Anatel.
Repórter: E quem faz menos de 500 mil?
"Aí nesse momento nós não temos ainda autenticação de chamadas, mas existe uma decisão do Conselho Diretor que determina que num prazo de aproximadamente 2 anos e meio ou a 2 anos todas as ligações passem a ser autenticadas", concluiu Suzana.
Cada vez mais brasileiros estão deixando de atender telefone com medo de golpistas
Reprodução/TV Globo
