Caso Benício: Donos do hospital prestam depoimento sobre morte da criança após dose de adrenalina
17/12/2025
(Foto: Reprodução) Edson Sarkis Jr, um dos donos do Hospital Santa Júlia, chega à delegacia para depoimento
Os donos do Hospital Santa Júlia prestam depoimento, nesta quarta-feira (17), na sede do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), que conduz as investigações sobre a morte de Benício Xavier, após receber doses elevadas de adrenalina.
Benício morreu em 23 de novembro, depois de receber o medicamento de forma indevida. Segundo as investigações, a médica Juliana Brasil prescreveu a dose errada, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes aplicou o medicamento na veia da criança.
De acordo com o delegado Marcelo Martins, as investigações também apuram a responsabilidade do hospital quanto à estrutura, protocolos e eventuais falhas do sistema de prescrição.
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Para esta quarta-feira estão previstos os depoimentos de:
Édson Sarkis
Édson Sarkis Júnior
Júlia Sarkis
O primeiro a depor foi Édson Sarkis Júnior, que chegou à unidade policial por volta das 9h30. Acompanhado por advogados, ele não quis falar com a imprensa.
As oitivas devem se estender ao longo do dia.
Edson Sarkis Júnior, um dos donos do Hospital Santa Júlia, chega para depoimento.
Lucas Macedo/g1 AM
Hospital forneceu informações falsas ao Ministério da Saúde
O Hospital Santa Júlia cadastrou a médica Juliana Brasil em plataforma do Ministério da Saúde como pediatra, mesmo a profissional não possuindo especialização na área, afirmou o delegado Marcelo Martins na última segunda-feira (15).
Ao g1, o delegado afirmou que a informação foi constatada em consulta ao Cadastro Nacional de Especialistas (CNE).
"Alguém do hospital realizou essa declaração perante o Ministério da Saúde, afirmando que a médica Juliana era uma médica pediátrica, e essa pessoa pode responder por falsidade ideológica. Essa é uma outra circunstância que será apurada em termos de responsabilização criminal".
O Hospital Santa Júlia não se pronunciou sobre Juliana Brasil não ter especialidade em pediatria e atuar no setor da unidade.
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O caso
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Segundo o pai, Bruno Freitas, o menino foi levado ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite. Ele contou que a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, 3 ml a cada 30 minutos.
A família disse ao g1 que chegou a questionar a técnica de enfermagem ao ver a prescrição. De acordo com Bruno, logo após a primeira aplicação, Benício apresentou piora súbita.
“Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou o pai.
Após a reação, a equipe levou a criança para a sala vermelha, onde o quadro se agravou. A oxigenação caiu para cerca de 75%, e uma segunda médica foi acionada para iniciar o monitoramento cardíaco. Pouco depois, foi solicitado um leito de UTI, e Benício foi transferido no início da noite de sábado.
Na UTI, segundo o pai, o quadro piorou. A equipe informou que seria necessária a intubação, realizada por volta das 23h. Durante o procedimento, o menino sofreu as primeiras paradas cardíacas.
O pai relatou que o sangramento ocorreu porque a criança vomitou durante a intubação. Após as primeiras paradas, o estado de Benício continuou instável, com oscilações rápidas na oxigenação. Minutos depois, Benício apresentou nova piora e não respondeu às manobras de reanimação. Ele morreu às 2h55 do domingo.
“Queremos justiça pelo Benício e que nenhuma outra família passe pelo que estamos vivendo. O que a gente quer é que isso nunca mais aconteça. Não desejamos essa dor para ninguém”, disse o pai.
Em nota, o Hospital Santa Júlia informou que uma médica e uma técnica de enfermagem foram afastadas de suas funções e realizou uma investigação interna pela Comissão de Óbito e Segurança do Paciente.
Infográfico - Caso Benício
Arte g1