'Choque enorme', diz acreana Marina Silva após assassinato de Moisés Alencastro no Acre
24/12/2025
(Foto: Reprodução) Moisés Alencastro, colunista social, é encontrado morto em apartamento no Acre
Após a repercussão do assassinato do ativista LGBTQIA+, colunista e servidor público Moisés Ferreira Alencastro, de 59 anos, encontrado morto a facadas na noite de segunda-feira (22) em Rio Branco, a ministra acreana Marina Silva usou as redes sociais para lamentar o ocorrido e cobrar celeridade nas investigações.
👉 Contexto: Moisés Alencastro foi visto pela última vez no domingo (21). Após perderem contato com ele, amigos e colegas passaram a tentar localizá-lo. O corpo foi encontrado no apartamento onde morava no bairro Morada do Sol no dia seguinte, com perfurações de faca. O suspeito ainda não foi localizado, mas a Polícia Civil afirmou que as pistas apontam para que seja uma pessoa próxima à vítima.
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Em uma postagem, a gestora do Meio Ambiente e Mudança do Clima afirmou que a violência usada a deixou perplexa. Além disto, ela também cobrou investigação das autoridades competentes.
"A violência sempre causa um choque enorme. Quando ela se abate sobre pessoas que a gente conhece, além do choque e da tristeza, nos causa perplexidade. O ato cruel contra a vida de Moisés Ferreira Alencastro, em Rio Branco (AC), é motivo de profundo lamento", frisou.
Ministra acreana Marina Silva lamenta morte de ativista Moisés Alencastro em Rio Branco
Reprodução/Instagram
A morte de Moisés gerou comoção entre os amigos e familiares. O corpo do servidor do Ministério Público do Acre (MP-AC) está sendo velado na capela do Cemitério Morada da Paz desde às 15h de terça. O enterro ocorre nesta quarta (24) às 10h, no mesmo local do velório.
Para auxiliar nas investigações, o MP disponibilizou o canal de denúncias Investigador Cidadão que permite o envio de informações de forma anônima através do WhatsApp (68) 99993-2414 e foi criado com o intuito de obter informações que possam contribuir para achar o paradeiro do criminoso.
Ainda segundo o órgão, o canal aceita o envio de textos, fotos, vídeos e áudios. Chamadas telefônicas não são permitidas.
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Amigos, colegas de trabalho e autoridades compareceram ao velório de Moisés Alencastro
Pedro Marcelo/Rede Amazônica Acre
Hipóteses
Investigações preliminares apontam que Alencastro pode ter sido vítima de um homicídio seguido de roubo e não de um latrocínio, roubo seguido de morte.
O carro dele foi visto abandonado na tarde de segunda-feira (22) na Estrada do Quixadá, zona rural da capital. Na manhã de terça (23), a perícia retornou ao local para fazer um levantamento mais minucioso à luz do dia.
O veículo estava com os pneus furados e o porta-malas aberto com alguns objetos pessoais da vítima.
“O que aparece até o momento é a ocorrência de um homicídio. Quando há intenção de roubar, o autor entra, rouba ou mata para se livrar da situação. Neste caso, o que se observa, preliminarmente, é que houve o homicídio e, posteriormente, foram levados alguns pertences”, explicou o coordenador da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Alcino Júnior ao g1.
Ainda segundo Alcino, entre os objetos roubados estão o carro e o telefone celular da vítima, além de outros itens ainda em levantamento. O celular de Moisés ainda não foi localizado. No entanto, ele ressaltou que o roubo não foi o motivador principal do crime.
“Latrocínio é quando se mata para roubar. Aqui, a dinâmica indica que a morte ocorreu primeiro e, depois, houve o aproveitamento da situação para levar os bens”, pontuou.
O delegado também informou que não há indícios de arrombamento no apartamento onde o corpo foi encontrado, o que reforça a linha de investigação de que a vítima conhecia o autor do crime.
“Não houve arrombamento. A entrada foi normal. Tudo indica que quem estava no imóvel tinha acesso consensual, ou seja, é alguém conhecido da vítima”, concluiu.
Carro de Moisés Alencastro foi encontrado na Estrada do Quixadá, em Rio Branco, e passa por perícia
Júnior Andrade/Rede Amazônica
À Rede Amazônica Acre, a procuradora de Justiça e chefe de Moisés no Centro de Atendimento à Vítima (CAV), Patrícia Rego, disse que o amigo, que era homossexual, sofreu homofobia e uma violência semelhante as que vivenciava no setor que atuava.
"Ele trabalhava ajudando vítimas no CAV e se tornou uma delas. Esse caso não foi o primeiro, já perdi outro amigo de forma semelhante. Quando isso ocorre, a gente morre junto. Essa é uma violência estrutural e o pano de fundo é a homofobia, que tem que ser combatida e os autores responsabilizados", disse emocionada.
VÍDEOS: g1