COP30 aprova acordos sem 'mapa do caminho' e com meta de triplicar financiamento; plenária é retomada

  • 22/11/2025
(Foto: Reprodução)
Presidente da COP diz que mapa do caminho fica fora dos texto final A Conferência do Clima (COP30) concluiu na tarde deste sábado (22) a aprovação de acordos negociados ao longo duas semanas em Belém. Após a aprovação, simbolizada pela batida de martelo, a plenária ficou suspensa por cerca de uma hora. A paralisação ocorreu porque países, entre eles a Colômbia, Panamá, Uruguai e Argentina, questionaram a aprovação de alguns dos itens. Depois dos questionamentos, o presidente decidiu suspender a sessão para conversar com as delegações e tentar resolver as dúvidas sobre a aprovação dos textos (veja, abaixo, 8 destaques do que foi aprovado). Na retomada dos trabalhos, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, disse que todas as aprovações seguem válidas. “Consultamos a secretaria, e a secretaria confirma que as decisões foram 'marteladas' e são consideradas adotadas. Lamento profundamente não ter sido informado do pedido das partes para falar”, disse Lago. A Rússia falou em seguida e adotou um tom duro com as delegações latino-americanas. O representante afirmou, em russo e depois em espanhol, que não entendia as reclamações porque, segundo ele, houve oportunidades de diálogo nas últimas 24 horas. Em uma frase que gerou reação no plenário, disse que os países da região “não devem se comportar como crianças”. Parte da sala aplaudiu a intervenção russa. Logo depois, a Argentina pediu a palavra e respondeu diretamente às declarações de Moscou. A delegada afirmou que os países latino-americanos não se comportam como crianças e reforçou que tinham o direito de registrar suas preocupações sobre o processo. Aprovações na 1ª parte da plenária Antes, na primeira parte da plenária, sob aplausos dos participantes, os trabalhos avançaram com a aprovação de mais de uma dezena de textos, entre eles o documento "Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança do clima" O texto do Mutirão não cita os combustíveis fósseis, mas cria estruturas que ampliam a agenda de cooperação, organizam debates e inclui a meta de triplicar o financiamento para adaptação até 2035. Aplausos e vaias Após as aprovações, diferentes países expressaram apoio ou discordâncias com os conteúdos aprovados, incluindo até mesmo o Vaticano que foi vaiado ao criticar a preocupação com questões de gênero. O presidente da COP30 também foi aplaudido após afirmar que o mapa do caminho não será abandonado. "Sei que todos estão cansados, sabemos que muitos de vocês tinham mais ambição para alguns temas e que a sociedade vai exigir mais. Eu prometo que vou tentar não desapontar vocês. Nós precisamos de mapas para que possamos ultrapassar a dependência dos fósseis de forma ordenada e justa. Eu vou criar dois mapas: um para reverter desmatamento e fazer transição para longe dos fósseis", anunciou o presidente. Presidente da COP30, André Corrêa do Lago, durante plenária de encerramento da conferência. Divulgação/Ministério do Meio Ambiente Apesar do compromisso, a decisão de Lago se trata de uma iniciativa exclusiva da presidência que não tinha consenso e não será citada no documento final. Criar um roteiro (mapa do caminho) para o fim do uso dessas fontes de energia virou um dos temas centrais da conferência. Na sexta-feira (21), a Colômbia anunciou que vai organizar uma conferência internacional sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Ela deve ocorrer em abril de 2026, na cidade de Santa Marta, e será organizada em parceria com a Holanda. Reação dos países Durante a aprovação do acordo final da COP30, várias delegações pediram a palavra para registrar posições. A Argentina afirmou que não concorda com a forma como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram incluídos no texto e solicitou que sua objeção constasse oficialmente. O Chile também registrou sua posição, dizendo que procedimentos previstos não foram seguidos na fase de negociação e pediu que essa observação fosse incluída nos autos. Já o Panamá declarou estar desapontado com a forma como o texto foi fechado. A delegação disse que não se sentiu ouvida, criticou a falta de transparência e discordou da aprovação do pacote sobre adaptação. Segundo o país, um dos trechos do acordo não traz compromissos financeiros claros, o que, na visão deles, deixa o resultado aquém do necessário. “Deveria ter sido a COP da adaptação, mas o desfecho está longe”, disse uma delegada da Colômbia durante a adoção do acordo final. Em seguida, o país declarou apoio às intervenções feitas por Panamá e Uruguai, alinhando-se às críticas sobre o processo e sobre o resultado apresentado no trecho de adaptação. Outro ponto aprovado, mas que gerou reação de muitos países foi o Objetivo Global de Adaptação (GGA). Países como Panamá, Uruguai e Colômbia disseram que o processo não foi transparente e que os indicadores não vêm acompanhados de compromissos claros de financiamento Outros países consideraram que o texto não atende as necessidades de países em desenvolvimento. O que foi aprovado na plenária final da COP30 Durante a sessão plenária deste sábado (22), os países adotaram uma série de decisões que compõem o pacote final da COP30. Veja, em ordem, o que foi aprovado: 1. Decisão do Mutirão (CMA.6) A plenária aprovou o documento político central da conferência — o Mutirão, que reafirma que a transição global para um desenvolvimento de baixas emissões é irreversível e que o Acordo de Paris “está funcionando”, mas precisa ir “mais longe e mais rápido” . O texto também convoca uma mobilização global para acelerar a implementação das metas climáticas de cada país (as NDCs), lança o Acelerador Global de Implementação e estabelece que países devem trilhar caminhos alinhados ao limite de 1,5°C. 2. Programa de Trabalho de Transição Justa Aprovado logo depois do Mutirão, o documento cria um mecanismo formal para apoiar países em políticas de transição justa — incluindo cooperação técnica, geração de empregos, proteção social e inclusão de trabalhadores afetados pela mudança do modelo energético. 3. Decisão sobre o Balanço Global A plenária aprovou o texto relativo ao Balanço Global, mantendo o espaço de discussão criado em Dubai para acompanhar a implementação das recomendações da primeira avaliação do Acordo de Paris. 4. Decisão sobre o Artigo 2.1(c) O documento aprovado reforça o compromisso de tornar fluxos financeiros consistentes com o desenvolvimento de baixas emissões e resiliência climática, tema central da reorganização do financiamento climático internacional. 5. Decisão sobre Medidas de Resposta O fórum sobre impactos socioeconômicos de políticas climáticas também teve sua decisão adotada, tratando de como países podem lidar com efeitos adversos de transições rápidas, incluindo efeitos sobre empregos e competitividade. 6. Fundo de Perdas e Danos (Loss and Damage Fund) Aprovada a orientação para o novo fundo, incluindo a operacionalização das Barbados Implementation Modalities — o primeiro conjunto de medidas para destravar financiamento direto a países vulneráveis em 2025 e 2026. 7. Fundo de Adaptação A plenária adotou o texto que amplia o teto de projetos (de US$ 10 milhões para até US$ 25 milhões por país) e reconhece a falta de recursos para atingir a meta anual de US$ 300 milhões. O texto aprovado reforça a urgência de ampliar o apoio financeiro à adaptação . 8. Objetivo Global de Adaptação (GGA) – Indicadores Uma das entregas mais aguardadas: foi aprovado o conjunto de indicadores globais de adaptação, criando uma estrutura inédita para medir progresso, vulnerabilidades e ações de resiliência de forma padronizada entre os países. Atraso e disputas de bastidores Os textos aprovados refletem o ambiente de disputas entre governos que marcou a COP30, onde os negociadores preservaram consensos mínimos em um cenário de divergências profundas. Especialistas apontaram avanços pontuais e falta de ambição no rascunho final. Eles foram aprovados pelos representantes de 195 países depois de discussões que avançaram pela madrugada e foram encerradas somente na manhã de sábado, pouco depois das 8h. Especialistas veem avanços pontuais e falta de ambição no rascunho final da COP30 Reunião de negociadores da COP30 entrou pela noite, no último dia oficial da Conferência COP30: rascunho de acordo é criticado por não citar redução de combustíveis fósseis nem origem de financiamento a países pobres Jornal Nacional/ Reprodução Participação em Belém A COP30 em Belém reuniu mais de 42 mil participantes de 195 países na Blue Zone, segundo dados preliminares do Ministério do Turismo e da Polícia Federal coletados entre 10 e 20 de novembro. O governo federal afirma que esta foi a segunda maior edição da história em público, atrás apenas da conferência realizada em Dubai. Próximas conferências: Turquia e Etiópia Um das decisões já divulgadas é sobre onde serão as próximas conferências: ficou definido que a Turquia será a sede da COP31 (2026) e a, Etiópia, sede da COP32 (2027).

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-30/noticia/2025/11/22/cop30-aprova-acordos-sem-mapa-do-caminho.ghtml


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