COP30 termina sem plano para substituir combustíveis fósseis, mas com acordo para triplicar financiamento a países pobres
22/11/2025
(Foto: Reprodução) COP30 aprova texto final com meta de triplicar o financiamento climático, mas sem acordo sobre os combustíveis fósseis
Depois de duas longas semanas de trabalho e intensa negociação, a COP 30 terminou neste sábado (22), em Belém. O texto final não citou temas considerados cruciais, como a substituição dos combustíveis fósseis. Mas apresentou avanços no financiamento para a adaptação ao clima extremo.
No último dia da COP 30, as negociações atravessaram a noite e só terminaram no sábado.
"A gente ficou aí trabalhando até agora de manhã, até oito e meia da manhã, tentando chegar em acordos", afirmou a diretora-executiva da COP 30, Ana Toni.
O presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, deixou a zona azul de manhã. E, depois de duas horas, estava de volta, cansado, mas otimista. "Foi uma noite muito dificil?! Foi, foi... das três da tarde às oito da manhã".
Depois de duas semanas de trabalho e de uma reta final de negociações intensas, os países não chegaram a um acordo sobre como avançar na criação de um mapa do caminho para abandonar uma economia movida a combustíveis fósseis — como petróleo e carvão. E o tema ficou de fora da declaração final da conferência do clima de Belém. Mas o presidente da COP garantiu que esse debate não acaba aqui.
André Corrêa do Lago se comprometeu a tentar durante a presidência brasileira — que termina no ano que vem — criar os roteiros que possam levar o mundo para uma economia limpa e para o desmatamento zero e colocar tudo em discussão.
Em seguida, começaram a ser votados os textos que compõem a declaração final da COP 30. O financiamento climático, que desde o início era um dos temas que mais dividiam os países, avançou —mas não como se esperava.
No texto ficou apenas o compromisso de triplicar o financiamento até 2035 para que países mais pobres se adaptem aos eventos extremos. É muito menos do que era apontado como necessário.
No texto ficou apenas o compromisso de triplicar o financiamento até 2035 para que países mais pobres se adaptem aos eventos extremos. É muito menos do que era apontado como necessário.
Jornal Nacional
Para outro tema de difícil consenso, as medidas unilaterais de comércio como, por exemplo, tarifas a produtos vindos de áreas de desmatamento, a COP solicitou a abertura de diálogo sobre o tem com a organização mundial de comércio.
No momento de aprovar os indicadores que medem o progresso dos países em medidas de adaptação, a Colômbia fez uma objeção e a plenária foi suspensa por uma hora. Com o obstáculo superado, o texto foi aprovado.
No final da tarde, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez um discurso na plenária em nome do Brasil. Lembrou a jornada das discussões sobre o clima, desde o início no Rio de Janeiro, em 1992.
"Que sigamos persistindo no compromisso de empreender a jornada necessária para superar as nossas diferentes e contradições no urgente enfrentamento da mudança do clima. Muito obrigada por visitarem nossa casa", afirmou Marina Silva.
Depois da plenária, a presidência da COP e diplomatas brasileiros fizeram um balanço dos trabalhos.
"A gente conseguiu dar passos firmes no multilateralismo climático nessa COP. A comunidade internacional chegou em Belém, veio para Belém, trouxe uma solidariedade muito grande com todos nós e conseguiu aprovar 29 textos. Conseguir consenso com 195 países, nesse momento, da geopolítica, num tema que a gente sabe que não tem consenso no mundo: que é a mudança do clima. Então, eu acho que esse é um grandíssimo legado da COP 30", afirmou Ana Toni, diretora-executiva da COP 30.
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