Justiça dos EUA manda arquivar processos abertos pelo governo contra dois rivais de Trump
A Justiça dos Estados Unidos mandou arquivar nesta segunda-feira (24) as acusações criminais contra o ex-diretor do FBI James Comey e a procuradora-geral de Nova York, Letitia James. Ambos são rivais do presidente Donald Trump e haviam sido processados pelo governo.
A medida representa um duro golpe nos esforços do Departamento de Justiça para perseguir pessoas vistas como inimigas políticas do presidente. No passado, Comey e Letitia investigaram Trump.
Lindsey Halligan, ex-advogada pessoal de Trump, foi nomeada procuradora interina do Distrito Leste da Virgínia em setembro para assumir as duas investigações, apesar de não ter experiência prévia como promotora.
Nesta segunda-feira, um juiz federal decidiu que a procuradora indicada para conduzir os processos foi nomeada de forma ilegal.
Na prática, a decisão encerra dois processos que o próprio Trump havia pedido publicamente. Ele pressionou autoridades do Departamento de Justiça a agir contra figuras de destaque que o criticaram ou conduziram investigações sobre sua conduta.
Entenda, abaixo, as acusações do governo Trump contra Comey e Letitia.
James Comey
No fim de setembro, o Departamento de Justiça apresentou acusações formais contra James Comey por falso testemunho e obstrução. O ex-diretor do FBI tem uma relação conturbada com o presidente desde 2017, quando foi demitido durante o primeiro mandato de Trump.
Na época, Comey confirmou publicamente que o presidente estava sob investigação por suspeitas de interferência da Rússia na eleição de 2016 para favorecer o republicano. Desde então, passou a ser um dos principais críticos de Trump, afirmando que ele era “moralmente inapto” para o cargo.
Neste ano, Trump demitiu o procurador-geral da Virgínia, Erik Siebert, depois que ele se recusou a abrir processo contra Comey. Siebert alegou não haver causa provável para acusar o ex-diretor do FBI de crimes.
Neste ano, Trump demitiu o procurador-geral do estado da Virgínia, Erik Siebert, por se recusar a avançar um processo judicial contra Comey. Siebert alegou que não tinha conseguido estabelecer uma causa provável para acusar o ex-diretor do FBI de crimes.
Na sequência, o presidente nomeou Lindsey Halligan para o cargo. Três dias depois, ela fez o que o presidente queria: apresentou a um júri na Virgínia as acusações de falso testemunho e obstrução de justiça contra Comey.
A acusação se baseava em um depoimento de Comey ao Senado em 2020, no qual ele negou ter sido fonte anônima de reportagens sobre a investigação da interferência russa. A procuradora-geral afirma que ele mentiu.
Comey sempre afirmou ser inocente de todas as acusações.
Letitia James
Letitia é conhecida por ser uma das principais adversárias de Trump. Em 2022, ela abriu uma investigação contra o presidente para apurar uma manobra de uma empresa ligada a ele para enganar bancos e autoridades fiscais.
Segundo a procuradora, Trump e sua companhia mentiram durante uma década sobre o valor de ativos e do patrimônio líquido para obter melhores condições em empréstimos bancários e seguros.
Ela afirmou ainda que o presidente inflou o próprio patrimônio em até US$ 2,23 bilhões (R$ 12 bilhões) nas demonstrações financeiras anuais apresentadas a bancos e seguradoras.
De acordo com a acusação, os ativos com valores inflacionados incluíam a propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, um apartamento na Trump Tower, em Manhattan, além de campos de golfe e prédios comerciais.
Em 2024, um juiz impôs uma multa de US$ 464 milhões contra Trump. Meses depois, um tribunal de apelações anulou o valor por considerá-lo “excessivo”, mas manteve a condenação por fraude.
Neste ano, o Departamento de Justiça abriu uma investigação contra Letitia por suspeita de fraude hipotecária.
A apuração começou depois que o diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, William Pulte — indicado por Trump —, enviou uma carta ao Departamento de Justiça acusando a procuradora de “falsificar registros” para obter condições vantajosas em um empréstimo imobiliário.
Segundo o documento, Letitia informou em um pedido de hipoteca que uma casa comprada por ela na Virgínia em 2023 seria sua residência principal, embora viva em Nova York.
O advogado dela, Abbe Lowell, afirmou que a declaração foi um erro e que Letitia deixou claro em outros documentos que o imóvel não seria sua residência principal, o que teria sido entendido pelo corretor.FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/11/24/justica-dos-eua-manda-arquivar-processos-contra-ex-diretor-do-fbi-e-procuradora-de-nova-york-ambos-rivais-de-trump.ghtml