Otan precisa se preparar para guerra 'na escala da que nossos avós enfrentaram', diz secretário-geral sobre Rússia
11/12/2025
(Foto: Reprodução) Secretário-geral da Otan, Mark Rutte, discursa em evento Conferência de Segurança de Munique em Berlin, na Alemanha, em 11 de dezembro de 2025.
REUTERS/Annegret Hilse
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, fez nesta quinta (11) novos alertas sobre a "ameaça russa" e disse que os países da aliança militar são os próximos alvos da Rússia. Por isso, a Otan precisa se preparar para uma guerra "na escala da que nossos avós enfrentaram", segundo Rutte.
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A referência às 1ª e 2ª Guerras Mundiais foi feita por Rutte para aumentar o nível de alerta dos países-membros da aliança militar, porque "muitos deles não estão sentindo a urgência da ameaça russa".
"Somos o próximo alvo da Rússia. Temo que muitos [países da Otan] estejam tranquilamente complacentes. Muitos não sentem a urgência e acreditam que o tempo está do nosso lado. Mas não está. A hora de agir é agora (...) O conflito está à nossa porta. A Rússia trouxe a guerra de volta à Europa. E nós precisamos estar preparados", disse Rutte.
A fala de Rutte ocorre em meio a uma escalada de tensões sem precedentes entre a Europa e a Rússia, acentuada por conta das tratativas pelo fim da guerra da Ucrânia.
Kremlin negou algumas vezes nas últimas semanas que pretende atacar a Otan. No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, fez uma ameaça aos europeus no início do mês ao dizer que "se a Europa quiser guerra, a Rússia está pronta agora". (Leia mais abaixo)
Moscou tem a China e a Coreia do Norte de aliados, com quem Putin buscou estreitar laços nos últimos anos. Ambos os países auxiliam o Exército russo na guerra —os chineses com armamentos, e os norte-coreanos com tropas e mísseis— e é possível que eles também se envolvam em uma eventual guerra entre a Otan e a Rússia.
'Se a Europa quiser guerra, estamos prontos', diz Putin
'Se a Europa quiser guerra, estamos prontos', diz Putin
No início do mês, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou a Europa de não querer a paz e disse estar pronto para a guerra com os vizinhos europeus.
"Se a Europa quiser lutar uma guerra, nós estamos prontos agora", declarou o presidente russo.
Putin também recusou os pontos propostos pela Ucrânia e por líderes europeus para modificar o plano de paz na guerra feito pelo governo de Donald Trump.
👉 O plano original, elaborado pelos EUA, tinha 28 pontos que, segundo Kiev e a União Europeia, eram extremamente favoráveis às exigências de Moscou — como, por exemplo, a cessão de um quinto do território ucraniano à Rússia, a garantia de que a Ucrânia não entrará na Otan, além do encolhimento do Exército de Kiev dos atuais 900 mil efetivos para 600 mil.
Ele disse que as exigências dos europeus no plano são "totalmente inaceitáveis" para Moscou. Putin não especificou a quais pontos se referia. Mas, segundo a imprensa norte-americana, líderes europeus retificaram pontos como o que previa o encolhimento do Exército ucraniano —a contraproposta europeia propunha a redução de efetivo para 800 mil soldados. Os aliados de Zelensky também consideram inaceitável a cessão de territórios à Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, fala à imprensa em Moscou, na Rússia, em 2 de dezembro de 2025.
Sergei Ilnitsky/ Reuters
A fala do líder russo ocorre em um momento que as tensões com a Europa estão no ápice. Após incidentes com drones e com o prolongamento da guerra da Ucrânia, países da União Europeia estão investindo cada vez mais no preparo militar para um eventual conflito com a Rússia. O comandante militar da Otan afirmou nesta semana que a aliança considera fazer "ataques preventivos" contra a Rússia para repudiar a guerra híbrida dos russos na Europa —a declaração enfureceu o Kremlin.
Putin fez a declaração durante encontro com o enviado especial do governo dos Estados Unidos, Steve Witkoff, que foi a Moscou para uma nova tentativa de destravar as negociações de paz na Ucrânia. Witikoff entregou ao mandatário russo o plano de paz de Donald Trump, e reformulado a pedido da Ucrânia e de líderes europeus.
Após o fim do encontro de Witkoff com representantes do Kremlin, que durou horas, o governo russo disse que não houve avanço em relação às negociações de paz envolvendo a Ucrânia.
O presidente russo afirmou estar pronto para negociar a paz, mas também disse que, se a Ucrânia se recusar a um acordo, as forças russas avançarão ainda mais e tomarão mais território ucraniano. O próprio Putin comemorou na segunda (1º) a captura de uma cidade-chave na Ucrânia, algo que Kiev nega (leia mais abaixo).
Os líderes europeus apresentaram então sua contraproposta, que não foi divulgada publicamente.
A invasão russa em fevereiro de 2022 envolveu dezenas de milhares de soldados. O conflito eclodiu no leste da Ucrânia em 2014, após a queda de um presidente pró-Rússia na Revolução Maidan e a anexação da Crimeia pela Rússia.
As forças russas controlam mais de 19% da Ucrânia, ou 115.600 quilômetros quadrados, um aumento de um ponto percentual em relação a dois anos atrás, e avançaram em 2025 no ritmo mais rápido desde 2022, de acordo com mapas pró-ucranianos. Kiev afirma que os ganhos vieram acompanhados de pesadas perdas russas.