Professora cria 'fábrica de chocolate' para ensinar matemática a crianças e desempenho da turma melhora: 'Esperam ansiosos pela aula'
08/12/2025
(Foto: Reprodução) Professora cria 'fábrica de chocolate' para ensinar matemática em Bauru (SP)
Arquivo Pessoal
"A matemática não precisa ser amarga". É com esse lema que uma professora de Bauru, no interior de SP, tem transformado o ensino de frações em algo que nenhuma criança esquece: uma sala que funciona como uma verdadeira “Fantástica Fábrica de Chocolate".
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A responsável pela iniciativa é Leila Pereira Sandes, de 51 anos, professora da Escola Estadual Professor Luiz Braga. Organizada em estações, a "chocolateria" leva os alunos do 4º ano a percorrerem diferentes níveis de aprendizagem.
Para a atividade, eles são divididos em grupos, com funções definidas para cada integrante, e cada equipe passa por quatro estações, enfrentando desafios matemáticos que aumentam gradualmente em dificuldade à medida que avançam.
Atividade lúdica tem potencializado resultados de alunos de Bauru
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Doces ou uma conta misteriosa?
Em cada mesa, os estudantes encontram cards com desafios, além de barras de chocolate de feitas de cartolina.
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Os cards ficam virados para baixo. Cada grupo sorteia um desafio e precisa resolvê-lo usando as "barras de chocolate de cartolina". No primeiro nível do desafio, considerado mais fácil, os alunos precisam reconhecer frações e representá-las usando as peças.
"As peças de chocolate vão para o saquinho, e os cards ficam guardados para que eu possa analisar o raciocínio de cada grupo", conta a professora.
O primeiro nível do desafio é para reconhecer as frações
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Na segunda etapa, o desafio é resolver uma conta que possui símbolos de fração, também usando as barras de chocolates de cartolina para representá-las. No terceiro nível, a professora acrescentou um enunciado para que os alunos possam interpretar o problema e realizar a conta.
Nível 2 do desafio da "Fábrica de Chocolate" é para calcular frações
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No quarto e último estágio, é a vez dos alunos explicarem para a professora como chegaram aos resultados.
"Um aluno do grupo é o 'chocolateiro chefe'. Ele faz a leitura do desafio. O segundo aluno vai manipulando os materiais (barras de chocolate de cartolina), outro vai anotando a linha de racionício do grupo e a conta. No fim, eles juntos me explicam como pensaram. Essa estrutura permite que cada aluno participe e avance dentro das suas possibilidades, sem exclusões", explica.
Nível 3 confronta alunos com problemas matemáticos com fração
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Após vencerem o desafio, os alunos são "premiados" com uma barra de chocolate verdadeira. Mas, mesmo depois de tudo, ainda precisam resolver um "último problema": A divisão entre todos.
"A barra que eu dou não é uma barra com pares de quadradinhos, eles são impares. Então, eles precisam pensar também em como dividi-la de forma igualitária", conta Leila.
Alunos passam por 4 estações e discutem com professora resultados
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Adepta de metodologias ativas, a professora explica que decidiu criar a atividade para aproximar a matemática da realidade dos alunos e mostrar que o conteúdo pode - e deve - fazer sentido fora do papel.
“Acredito que qualquer disciplina pode inspirar o professor a transmitir conteúdos de uma forma que o aluno leve para a vida. A fábrica surgiu desse desejo de trazer significado para os conteúdos de matemática, especialmente frações”, conta a docente, que dá aulas a alunos de 9 a 11 anos.
Alunos são "premiados" com barra de chocolate verdadeira, em Bauru
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Aprendizado que dá resultado
Mais do que a busca por guloseimas, a metodologia lúdica tem engajado os alunos e melhorado o desempenho da turma.
Segundo Leila, a participação ativa faz com que os estudantes se sintam protagonistas da própria aprendizagem, além de reduzir o medo da Matemática.
“No começo do ano, muitos dos meus alunos odiavam Matemática. Hoje, é a matéria de que mais gostam. Esperam ansiosos pela aula", conta.
"Trabalhamos muito em pares e grupos, eles se ajudam, não têm medo de ir até a lousa, nem de explicar qual estratégia usaram para chegar ao resultado", completa.
O impacto da “Fábrica de Chocolate” também aparece nos resultados. Na Prova Paulista, a média da classe subiu de 57,4% no segundo bimestre para 72,2% no terceiro, mostrando que a prática não apenas diverte, mas gera aprendizado concreto.
Alunos são divididos em grupos e passam por desafios com frações, em Bauru
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"Das duas questões de fração aplicadas, 100% dos alunos acertaram uma delas e 86% acertaram a outra", revela a professora.
"Cada conteúdo é um desafio, e quando falamos de Matemática, muitas vezes vista como o 'bicho-papão', a necessidade de inovar é ainda maior. Por muito tempo, romantizaram a educação como se fosse apenas arte ou dom — e, embora exista sensibilidade e criatividade no processo, hoje sabemos que é ciência. Quando aplicamos a metodologia adequada para cada turma e cada aluno, alcançamos resultados verdadeiros", comenta.
Reconhecimento e boas práticas
O projeto ganhou visibilidade ao ser selecionado como boa prática pela Diretoria de Ensino de Bauru e está entre as iniciativas que serão apresentadas no programa "Alfabetiza Juntos", do Governo do Estado de SP, nesta segunda-feira (8).
Para a professora, o reconhecimento é motivo de orgulho, mas o que mais importa é ver a aprendizagem acontecendo de fato.
“Para mim, a maior recompensa é perceber que eles saem das aulas com a autoestima elevada, com vontade de aprender e com a sensação de que Matemática pode, sim, ser divertida e doce”, afirma Leila.
Alunos usam "barras de chocolate de cartolina" durante aulas de matemática, em Bauru (SP)
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