Viagem de avião de São Paulo para Goiás dura 12 horas e moradora de Goiânia desabafa: 'vontade louca de chorar'
11/12/2025
(Foto: Reprodução) Ventania em SP provoca cancelamentos de voos em Goiânia
Uma moradora de Goiânia viveu um caos para chegar de avião a Goiânia já na véspera da sequência de cancelamentos de voos causados pela passagem de um ciclone em São Paulo. A viagem oriunda de Guarulhos, que era para ter durado apenas cerca de uma hora de vinte minutos, se transformou em uma jornada exaustiva de quase 12 horas sem descanso e sem alimentação. Agora, a empresária Rita de Cássia de Moraes Correa, de 57 anos, pensa em processar a companhia aérea.
O perrengue começou na noite de terça-feira (9). Rita voltava de uma viagem a Londres, passando por Barcelona, na Espanha, Guarulhos, em São Paulo, e com destino final o aeroporto Santa Genoveva, na capital goiana. Tudo transcorria normalmente até a conexão doméstica, operada pela Latam, que deveria ter saído às 20h55 para Goiânia.
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"O embarque já estava atraso 40 minutos. As notícias variavam muito. Ninguém conseguia entender. O avião até deu uma saidinha, depois de uma hora. E depois parou", contou.
Foi nesse momento que, segundo Rita, o período mais caótico começou. Com explicações divergentes da tripulação, os passageiros ficaram cerca de cinco horas presos na aeronave.
"Ele falava que isso seria rápido. Passou uma hora e nada. Saíram dois tripulantes e o restante ficou. Depois, teve um anúncio de troca de piloto. Depois, a notícia era que precisavam de um documento para a liberação do voo porque existiam malas, mas sem (os respectivos) passageiros", desabafou.
A empresária conta que, durante todo esse período, os passageiros ficaram sem comer, tendo recebido apenas um pacote de biscoito da tripulação.
"Aí, começou o caos. Tinha uma senhora desesperada porque precisava chegar a Goiânia porque o pai estava na UTI e ela queria chegar para se despedir. Uma moça e um rapaz tiveram crise de pânico, por estarem presos. Eu mesma quase entrei em parafuso. Graças a Deus, comecei a conversar com mais duas meninas e me distraí", relatou.
Aeroporto Internacional Santa Genoveva, em Goiânia, Goiás
Divulgação/CCR Aeroportos
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A surpresa seguinte foi o cancelamento do voo, comunicado pelo piloto. "Quando conseguimos sair (da aeronave), o aeroporto estava um caos, segundo Rita. "Ninguém achava as malas. Eram outros voos da Latam com o mesmo problema. Muita gente no saguão, uma fila gigante. E eles não queriam dar voucher para ninguém", contou.
A moradora de Goiânia diz que a viagem foi uma das experiências mais terríveis que viveu na vida. Ela destaca que já estava exausta por conta da longa viagem internacional.
"A consequência é um cansaço, um desequilíbrio, uma vontade louca de chorar porque a gente não consegue fazer nada porque a gente não controla. Não depende da gente. A Latam que tinha que ter dado todo o suporte. E não deu nenhum", afirmou.
Depois da longa espera, a empresária e outros passageiros foram realocados em um voo saindo de Congonhas. Ela conta que precisou pegar um transporte por aplicativo por conta própria, dividindo o custo com outra passageira, porque a fila para pegar o voucher do transporte era tão grande que havia o risco de perder o voo.
Cartões de embarque da passageira Rita de Cássia: moradora de Goiânia deveria ter saído às 20h55 de São Paulo, mas só embarcou na manhã do dia seguinte
Arquivo pessoal/ Rita de Cássia de Moraes Correa
Quase 22 horas entre Rio e Goiânia
A passageira com quem Rita dividiu a viagem de carro por aplicativo é a biomédica Renata Cavaliere, de 41 anos, que é do Rio de Janeiro e veio passar seis dias em Goiânia, a trabalho. Ela conta que era para ter saído do aeroporto internacional do Galeão, no Rio, também em um voo da Latam, às 10h10 de terça e chegado à capital goiana às 13h50. A chegada ao aeroporto Santa Genoveva, no entanto, só aconteceu por volta das 8h do dia seguinte. Ou seja, o trajeto durou quase 22 horas.
"A equipe do balcão avisou que o voo iria atrasar porque a aeronave que estava vindo de SP precisou retornar. Remarcaram o voo para às 11h50 e começou a confusão porque a maioria dos passageiros tinha conexão, inclusive internacionais, e todos perderiam esses trechos de voo", contou Renata.
Após três horas de atraso, a biomédica conseguiu embarcar para Guarulhos, onde perdeu a conexão para Goiânia por falta de escada para os passageiros.
"Simplesmente tivemos que esperar dentro do avião porque não tinha escada para a gente descer. Então do pouso até entrarmos no aeroporto, levou uns 20 min. E quando cheguei de fato ao aeroporto meu embarque já tinha acabado".
O voo em que a biomédica foi realocada, foi o mesmo da empresária Rita de Cássia, no qual ambas ficaram presas por cinco horas. Segundo Renata, o piloto disse aos passageiros que o cancelamento do voo aconteceu pela soma de vários motivos.
Segundo ela, os motivos foram:
fatores climáticos;
atraso na chegada da aeronave e, depois, na colocação das malas no bagageiro;
passageiros que não embarcaram, mas despacharam mala: por conta disso, os funcionários tiveram que conferir e retirar as bagagens;
pouso emergencial de um voo da Delta: todos os voos tiveram que ser interrompidos temporariamente;
mudança da equipe de comissários;
uma obra o aeroporto de Goiânia que o faria fechar e não daria tempo do avião pousar.
Para a biomédica, pior do que as longas horas para uma viagem que era pra ser rápida foi a forma como a empresa lidou com a situação.
"Faltaram justificativas aparentemente verdadeiras e no tempo certo. Faltou gente no atendimento aos passageiros. É inadmissível você ficar quatro horas numa fila pra ter o voo remarcado ou para pegar um simples voucher de alimentação".
A biomédica estava em sua primeira viagem a trabalho. "Conclusão: levei quase 24 horas pra ir do Rio à Goiânia. Sem comer direito, sem dormir. Vim a trabalho e perdi dois dias", afirmou Renata, que ficará na capital goiana até domingo (13).
O g1 procurou a Latam, para explicar o que aconteceu com as passageiras, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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